segunda-feira, 6 de julho de 2009

Idiossincrasias


Faço um desaveço às avessas

Tampo com as mãos os olhos, os ouvidos,

Tento estancar a respiração e oprimir o coração

Na expectativa de também não sentir o que dele sai.


O que busco?

Busco isolar-me de mim

Na busca de ver mais além.


Quero que o ponto seja mancha,

Sejam várias as manchas.

E que elas se multipliquem.


Quero que a visão limitada ao ponto

Se dilua e faça parte de tudo.

Quero ver o mundo com os olhos de todos.


Quero me transportar para dentro

De cada criança, velho ou adulto.

Para dentro de cada cego, surdo e mudo.

Não quero ver apenas com olhos perfeitos,

Quero o defeito, o feio, o bruto.


Para ser completo

É preciso se partir em pedaços.

Dez mil são poucos.


Quero ver com os pés e as mãos,

Que cada poro seja visão

Para o mundo me engolir.

E assim eu seja mundo.

Os muitos mundos de cada um.


AUTOR: Sávio Damato

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