quarta-feira, 5 de agosto de 2009

De pena em punho



Para escrever poesia

Tome o papel e a pena,

Mergulhe fundo a caneta

No tinteiro do sentimento humano.



Toque com a ponta,

Uma parte do papel

E deixe que a emoção crie forma.

Que o sentimento se cubra de palavras,

Que as palavras se ordenem na gramática

Tomando a casca que precisam.



Deixe a idéia criar vida

Imprimindo vida à folha sem cor.

Que a pena, tocada pelo elixir da vida

Sinta pulsar o coração.

E que a emoção transborde em cores,

Tons de poesia.

Para se saber escrever

É preciso saber sentir.



Assim nasce o poeta,

Do sentir a vida

E permitir à pena

O mergulhar em seus sentimentos

Para pintar o que vê.



Ser poeta é pintar

O explodir de almas

Dentro de um peito

Onde só deveria caber uma.



É sentir o sentimento do mundo

Emergir lá do fundo

Onde não mora ninguém.

Onde a filosofia ainda não

Conseguiu alcançar.



Poetizar é também amar

O feio que existe em cada coisa

E dele saber tirar

O belo que ninguém vê.



Pode dizer maravilhas,

Pode chorar em meio ao nada,

Ou simplesmente opinar

Sem com isso nada querer mudar.

Mas muda!



A pena do poeta

Lança grades, grilhões,

Liberta ou faz sofrer.



Se sou poeta,

Minhas mãos

Tem o poder da transformação.

Pois isso é poetizar.



Que ser misterioso é esse

Que vasculha o imo do ser

Sem ali haver recôndito perdido

Que não possa ser encontrado?



A quem pertence esta magia?

À pena, à poesia ou ao poeta?

De uma coisa eu sei:

A poesia é vida

E vive em tudo.

Esperando apenas a mão certa

Para lhe dar a forma eterna,

Imorredoura da escultura em versos.



Aqui o sonhador se faz sonho,

O poeta poesia,

E a poesia...

Estado de alma

Transcendente em si mesmo

Que busca o céu e o inferno

Inerente a todas as coisas.


Sávio Damato

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