Como sofrem as letras
Nas mãos do escritor.
Atiram sem piedade
As pobres sobre o papel
E desajeitadas, elas se agarram
Como podem nas linhas.
E as virgulas, coitadas,
Se dependuram aos gritos
Com uma mão só
Prestes a cair
Sobre os acentos
Do andar debaixo.
Este estranho edifício de linhas
De arquitetura iregular,
Um retângulo peculiar
De parede e teto azular,
Flutua sobre o vazio da página branca.
As vezes super-povoado
Por palavras amontoadas e apertadas,
Algumas até saltando para fora da margem.
Quem olhasse de baixo
Certamente diria que alguém dali queria saltar.
Amontoadas ou espalhadas,
Bem contornadas ou deformadas,
Apertadas, caindo umas sobre as outras.
valiosas figuras que
Trazem consigo um grande valor.
Um tesouro sem preço
Que multiplica-se a cada linha
A cada passo, dessa grande ferrovia.
pensou que ali não passa trem?
Acertou!
Mas passa o olhar esperto do leitor
Que vem mais rápido que a locomotiva a vapor
E captura o tesouro do saber.
A cada novo aventureiro
Que atravessa e desce as serras do papel
As doce operarias agradecem.
São elas menestréis da liberdade,
Pois que a verdade liberta.
E em cada uma está uma gota desse néctar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário